"...e todas as noites, ao último estudo, eu esporeava o tempo, cortando o número do dia seguinte, às vezes de dois dias, a ver se andava mais depressa... Mas, inflexivelmente, apesar de todos os meus esforços, cada dia tinha sempre vinte e quatro horas de espera. Muitas vezes, imaginariamente, eu desdobrava os dias nas horas, nos minutos, nos segundos. E, desesperado de urgência,punha-me atento à duração de cada segundo, cada minuto, à espera de que passassem, e descobria, em suores, que os poucos dias que faltavam eram uma montanha enorme de tempo."
Virgílio Ferreira, Manhã Submersa