"-Não és obrigada a foder mesmo quando tens a tua mãe em casa, pois não? Não podes evitar ao menos isso?
-Não. Tenho de fazer tudo. Foder, chupar. Tudo. Cozinhar. Todas essas substâncias que entram e saem da boca das pessoas. Às vezes é a sensação que dá. Tenho de fazer tudo bem e de cara alegre. Ser um poço de satisfação.
-É difícil dar satisfação a pedido.
-Lá isso é.
-Se calhar o melhor era seres puta, e pronto.
-Oh, acho que não ia ser uma boa puta.
-Serias uma puta maravilhosa.
-Achas que sim? Que tipo de puta seria? Não me vejo a encaixar na ideia geral que as pessoas têm das putas, seja qual for essa ideia, percebes?
-Deves estar a brincar.
-Teria de ser tipo matrona, não achas?
-Ah, estou a ver... para teres clientes daqueles que querem disciplina. O falar fino e o olhar gélido.
-Pois, pessoas que querem que a mestra respeitável lhes mostre como se faz.
-Sim, podias ganhar dinheiro assim.
-Hum. O dinheiro fazia-me jeito. É uma ideia."
Philip Roth em Engano