Os seus corpos desenham movimentos imbuídos de sensações. Encontram-se em constante mutação permeados pelo desejo que os consome e sobre o qual concluem não lhe conhecer fim. Parece que, desde o dia em que as suas mãos pressentiram o toque, desde o dia em que se deixaram invadir pelo aroma da pele, desde o dia em que os seus lábios saborearam o beijo inaugural, desde o dia em que se encaixaram um no outro, que a linha das suas vidas iniciou uma rota sem retorno para não mais deixarem de se querer. Encontram um no outro, a beleza que idealizaram, o vício a que sempre quiseram ver-se entregues, o prazer que lhes invade as entranhas e os queima de dentro para fora, o desejo de se alimentarem da vida que morre e (re)nasce com cada entrega. Como num guião, protagonizam as acções tendentes ao culminar. Discorrem em diálogos mudos numa linguagem gestual que inventaram para eles e da qual são exímios aprendizes. E, no entremeio, prolongam a história, prolongam o prazer de se tomarem em pretenciosos volte-face, descobrindo em cada gesto, em cada posição o augúrio de uma explosão, de um final (feliz).