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Reminiscence

Sabedor exímio da arte de a provocar, apelou ao seu orgulho confiante que ela não resistiria. Uma noite a três em que ela seria o prato principal. A ideia tomou forma na mente, esboçou um sorriso guloso e respondeu afirmativamente. A antecipação tornou-se um veneno que a corroía lentamente. O desejo subia de tom, as imagens passavam-lhe à frente dos olhos, a vontade que o tempo passasse depressa tornava-se cada vez mais esmagadora. Havia qualquer coisa de instigador da vontade na lentidão com que se esperava o momento. Na noite escolhida, demorou-se em preparos, queria estar ao nível da perfeição para ser degustada e desejada, usada e saboreada. Tomou um longo e relaxante banho, dispôs a roupa em cima da cama e seleccionou cuidadosamente a lingerie. Vestido preto, um conjunto de renda, meia liga preta, sapatos altos e umas gotas do seu perfume favorito. O encontro, casual e descontraído, deu o mote para os momentos que pretendiam se acelerassem. Em pouco tempo as suas mãos percorreram-na toda. Começou pelas pernas, sorrindo agradado com as meias ligas. Disse-lhe ao ouvido: "Boa escolha". Beijou-a impulsivamente não detendo as mãos ambiciosas e ávidas da sua pele, subindo devagar até ao seu entremeio. Subiu-lhe o vestido e sentou-a no seu colo, virada para a frente, masturbando-a e excitando-a. Sentiam o olhar lascivo do outro interlocutor. Inclinou-se, aproximando a boca da dele e beijou-o. Ofegante, trincou-lhe o lóbulo da orelha, arrepiando-lhe a pele. Colocou a mão no meio das suas pernas e testou-lhe a vontade. Desapertou-lhe as calças, botão por botão, sensual e languidamente, enquanto sentia outras mãos tocarem-na a ela. Sentia-o crescer exponencialmente. A chamar por ela. Impetuosamente, debruçou-se sobre ele e dominando-o com a boca, controlando cada esticão, cada pulsar de sangue provocado pela sua língua, pelos lábios que o tomavam inteiro, tomou conta dele. Como uma marioneta, sentiu-se manobrada por duas vontades, sentiu-se desejada por duas libidos. Virou-a de costas para si e levou as mãos ao fecho do vestido. Desapertou-o e fê-lo deslizar até cair ao chão revelando a sua quase nudez. O terceiro interveniente decidiu chegar-se perto. Deu por si no meio deles em pé, as suas mãos percorrendo cada centímetro de uma pele que queimava de tão quente se achar. Sentiu uma mão deslizar pelo seu ventre, uma mão incumbida de a preparar. Tocava-lhe firmemente no clitóris, friccionando e fazendo-a estremecer em pequenos espasmos de loucura. Simultaneamente, os lábios do outro encostavam-se aos seus seios, beijando-os sofregamente. A cada trinca, a cada toque, sentia a razão fugir-lhe em nuvens de prazer. Deixou-se levar num transe absolutamente hipnótico e decidiu partir ao ataque. Apoderou-se deles também. Desapertou-lhes as calças, deixando-os à sua mercê. Tomou-os nas mãos e sentiu-os crescer ao compasso dos movimentos que sabiamente desenhava. Empurrou-o sobre a cama e dispôs-se a senti-lo na boca. Tomou-o nas mãos e deliciou-se nele. De baixo para cima, passeou a língua firme e ávida demorando-se na ponta, esboçando pequenos círculos antes de o fazer desaparecer por completo. Dobrada pela cintura, em breve tinha companhia nas suas costas. Enquanto se ocupava, alguém lhe dava tratamento preferencial também. Escorrendo de ânsia, os seus dedos entraram nela suavemente, só para constatar o avançado estado de excitação. Gemeu ofegante ao sentir um formigueiro crepitante quando a sua língua a encontrou também. Por momentos achou que nada poderia superar este cenário. E mentalmente aproveitava cada gesto, cada sensação. Trocaram de lugar e num ápice entrou nela. Bombeando estocadas seguras e intensas, viu o ritmo cardíaco acelerar e atingiu um orgasmo liminarmente surreal sem nunca abandonar a tarefa que tinha em mãos. Conectados num triângulo solidário, repartir o prazer era palavra de ordem. O terceiro elemento queria-a também. Recostou-se na cama e fez-lhe sinal para o acompanhar. Encaixou nele, segurando-o na mão para guiar a entrada e cavalgou-o sem parar. Com um dedo apenas, estimulou o clitóris e saboreou o toque nos bicos erectos por tamanho prazer. Voltou a atingir um orgasmo numa entrega sôfrega, sentindo-o respirar junto ao ouvido enquanto o outro se contorcia e controlava para não explodir. Agora era a vez deles. Colocou-se de joelhos no meio deles e chupou-os à vez e em conjunto. Ora um, ora outro, esfregando, masturbando, lambendo. Numa visão soberana, atingiram o clímax na sua direcção. Sorriu, agradada com os seus rostos de prazer e voltando à terra ao fim de uma viagem lunática e inigualável. Prostrados na cama, espontaneamente, acenderam um cigarro. Uma pausa merecida antes de se entregarem novamente à partilha, ao prazer, ao êxtase.