Era uma mulher de rituais. Apreciava os momentos prévios, a preparação, a antecipação. Tomou um banho demorado, a água quente escorrendo pelo corpo e amaciando-lhe a pele, o cabelo cheiroso e macio, maquilhagem, umas gotas de perfume e a roupa cuidadosamente disposta em cima da cama. Quando a porta se abriu, encontrou-a demorada e sensual, sentada de perna cruzada. Camisa branca de homem, desabotoada, sem soutien, de mangas dobradas, meia liga preta, ligueiro de renda, cueca a combinar, sapato de salto alto e dois copos de balão, um em cada mão. O rosto que a contemplava sorriu de surpresa, espanto, incoerência. Pegou-o pela mão e encaminhou-o para a sala. Abriram uma garrafa de vinho, provaram, um travo apenas. Havia coisas mais importantes a tratar. Beijaram-se tropegamente, intensamente. Afastou-lhe a camisa e beijou-lhe os seios ao mesmo tempo que os apalpava suavemente. Trincou-lhe os mamilos, intumescidos da excitação, percorreu-os com a língua, uma e outra vez, olhando-a de soslaio para encontrar o seu rosto de entusiasmo e prazer. Libertou-a dos restantes adereços, certificando-se do que brotava já de si e lhe escorria deliciosa e involuntariamente. Sorriu agradado com o cenário que se lhe apresentava e com o dedo, procurou o seu ponto nevrálgico. Massajou docemente primeiro, intensamente depois. Até que, num rompante, testou a sua capacidade de controlo. Penetrou-a, dedo após dedo. Sentiu-se estremecer gemendo sofregamente. Sabia que era a sua vez de o guiar. Deitou-o no chão, despiu-o, roçou-se nele, beijando-lhe o peito nú. Pegou-o, já pronto, ajeitou-o com a mestria do desejo e levou-o para dentro dela. Apoiando as mãos no seu peito, para cima e para baixo, movendo as ancas suavemente e descrevendo círculos completos, cavalgou-o embalada pela liberdade que aquela entrega a fazia sentir. Sucumbiram ao orgasmo sem se conterem, sem cuidar do tempo que havia passado, sem cuidar do que poderiam ter feito. Tinham todo o tempo do mundo. Entregaram-se à preguiça, ao carinho, num estado perfeitamente vegetativo, apreciando cada olhar, cada suspiro, cada sorriso. Procuraram os copos de vinho e, deitados no chão, abraçados, permaneceram ali, congelados no tempo, aquecidos pelo calor dos seus corpos.