Por norma somos seres egoístas. Resignamo-nos à condição de exclusividade e recolhemos do outro aquilo que precisamos e queremos para nós. Vivemos com intensidade os momentos a dois, recebemos do outro aquilo que nos completa, que nos incendeia, que nos faz trepar paredes e sorrir face à memória dos momentos passados entre lençóis amassados e camas desfeitas. Só que, o chamamento surge de forma intrínseca. Por vezes nem damos conta, apenas sentimos no interior um vazio, uma vontade que nos preenche o íntimo. A verdade é que, o sexo, acto mais primitivo, mais instintivo de que somos capazes, não se extingue com cada saciar. Cada saciar representa o nascimento da vontade de repetir, de variar, de sentir mais, de experimentar novas sensações. E deixar-se levar por esse ímpeto, é abrir a caixa de Pandora. Tudo se torna exacerbado, tudo se torna digno de vivenciar, de partilhar, de sentir, de se dar em pleno, para usar e abusar. Os gestos são solenes, a entrega é sublime, repleta de sensações físicas e visuais que nunca achámos serem capazes de nos excitar tanto. Sentimos na pele o toque desenfreado, a busca ininterrupta em nos darmos e darmos prazer, em querer saborear tudo. Cada aroma combinado, cada movimento repartido, cada sabor partilhado, atingem na nossa libido níveis de adrenalina capazes de rebentar com qualquer escala. E entregamo-nos ao prazer mútuo, duplo, triplo, quádruplo, com a certeza de que nos superámos, que partilhámos com o desprendimento de quem se sacia com o saciar alheio, de quem procura o prazer no prazer que oferece, altruista e egoisticamente.
Sexuality is fluid. Whether you’re gay, or you’re straight or you’re bisexual — you just go with the flow.
"
- Shane McCutcheon, Episode 1.2
The L Word