Tentou, por mais que uma vez, fazer de conta que não se importava, que não sucumbiria ao vício de o ter, que não baixaria a guarda e o deixaria ganhar a batalha. Permanecia nas trincheiras, espreitando qual estratega, tentando dominar-se e não revelar a fragilidade das suas tropas. Uma guerra perdida ab initio, sabia-o no fundo. O doce sabor da vitória escapava-lhe tão depressa quanto o mel que jorrava e escorria dela com um simples toque, deslizando pela pele que agonizava de abstinência, que doía, intocada, que implorava ser tomada. Entrava sem pedir licença, invadia-a, apossando-se de tudo o que tinha ao seu alcance, fazendo reféns o seu corpo e o seu prazer, desarmando-a e investindo penetrantemente na caverna esponjosa, húmida, suplicante do seu membro, ensandecida de tesão. Desesperada, gemendo, sentindo a excitação em píncaros de deliciosa dor, lacrimejando pingos de prazer, alcançando em dois ou três penetrares o orgasmo mais vívido, mais suave e mais forte em simultâneo, mais sentido e apaixonado, mais retraído e desejado, mais súbito e inesperado. Sabia agora, enquanto fazia o balanço dos mortos e feridos, que ninguém havia logrado escapar. Dera-se novamente inteira, entregara-se denunciadamente, sucumbira ao combate corpo a corpo mas, ainda assim, sabia que havia ganho a guerra do prazer.