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Hurt me like you mean it

Colocou-se à disposição. Pronta para ser usada e fruída sem ver o seu agressor, sem lhe poder antever os movimentos, sem lhe traçar o perfil, sem lhe adivinhar as vontades. Desprovida do sentido da visão, a sua posição de submissão denotava uma certa fragilidade mas o seu corpo demonstrava o contrário. De queixo levantado e de peito firme, estava preparada para receber o que viesse. Manietada, a supremacia do seu par era evidente mas, ainda assim, ela não baixava a guarda. Sabia que, mesmo subjugada, o prazer seria o único objectivo a levar a cabo. Sabia que, privada de liberdade de movimentos e da possibilidade de antecipação, os restantes sentidos se lhe potenciariam automaticamente e o desejo surgiria paulatinamente num nervosismo concomitante ao prazer. Ouviu, os passos a aproximarem-se lentamente. Sentiu uma língua roçar-lhe o lóbulo da orelha, deixando-lhe uma respiração profunda e rouca, pairando-lhe ao ouvido. Estremeceu, de receio e de desejo, inspirou e expirou profundamente. Sentiu uma mão, suave e pesada, percorrer-lhe os seios, traçando círculos imaginários e arrepios díspares, dirigindo-se sempre para baixo, pelo ventre fora, encontrando-a temerosa mas ávida. Enterrou-se-lhe no cume provocando um contorcer instantâneo e um gemido descontrolado, um escorrer imediato, um rogar sem pedir, um implorar abstido de palavras, um autorizar a tudo no silêncio da boca, apenas manifestado no ruído do corpo que falava por si só. Deixou-se levar, ciente de que o prazer era soberano e o orgasmo exponenciado pelos sentidos sobrantes. Gozou.