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(E)m estado líquido #33

 A excitação crescente, os lábios que o circunscreveram, o delinearam em toda a sua extensão, a língua que o torneou, o lambeu, a boca que o engoliu até lhe tocar na garganta, as mãos que o manobraram intensamente a um ritmo sempre guiado pelo desejo de lhe dar o maior prazer. Não se desviou da rota traçada e devolveu-lhe os gemidos que o sentia gemer, também sentia prazer no prazer que lhe oferecia. Demorou-se, em gestos extremados, intrincados, solenes e lânguidos, sorvendo-lhe o sabor e salivando-o à medida que ele se aproximava do culminar. Parou num momento de expectativa, um segundo em que o tempo estagna e em slow motion se espera o desfecho para o qual se preparou. Estava quase. Quase. Mostrou-se disponível para o receber, para o beber, para provar o sabor que lhe antecipava e desejava lhe preenchesse o paladar.