Porque o sabor que me ofereces dilui-se-me na boca e entra directamente na corrente sanguínea numa injecção de adrenalina e euforia que me transporta para uma dimensão surrealista e permeada pelo desejo. A morfina que me dás entorpece-me o pensamento que se dissolve num imaginário pensado por Dalí e entrego-me ao prazer de te dar prazer. Ouço cada gemido teu e instantaneamente gemo contigo, quase ao mesmo ritmo, quase no mesmo tom, quase nos mesmos decibéis.
Porque o sabor que me ofereces é doce e intoxicante, inebriante e puramente viciante. Entranhas-te em mim e percorres as minhas veias numa corrida contra o tempo. Apenas o tempo que medeia entre o shooting e o coldturkey que febril se apodera de mim quando aqui não estás.