Renegam-se os demónios que nos consomem a alma. Tornamo-los pequenos, insignificantes. Reduzimo-los a uma película fina e transparente que envolve a sapiência dos males que nos querem atingir. Decidimos que há mais na vida, que há mais vida. Num momento, num pequeno instante, sucumbimos face à vontade que o corpo exerce sobre a nossa mente e entregamo-nos ao que o deleite de ser fogo, de ter fogo, nos confere. Fica plasmada nas feições, no rosto que sofre de prazer, nos lábios que se trincam em êxtase, nos tremores dos membros, no contrair dos músculos espásmicos que involuntariamente perdem a noção do tempo e do lugar. E os demónios mudam de semblante, são demónios íntimos, demónios que vão para além das proibições, demónios que se apoderam de todo um ser ofertando-lhe na encruzilhada o baú do prazer em troca da alma. Uma perda valiosa, uma troca injusta? Não. Almas assim sobrevivem, alimentam-se, bebem o líquido do prazer e retiram dele a vida.
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State of the Mind (50)
Posted by Unknown
Posted on 5:46:00 AM