Tenho os lábios moldados ao beijo que tem a forma do prazer. Lambuzo-me do que me é dado a provar com o olhar fixo nos contornos da perfeição, na sapiência do sexo erguido para mim. Resfolego de satisfação, instigada pelo desejo de depois o sentir em mim, hirto, sedento, ávido de me preencher, de me sujar, de me molhar, de depositar em mim o que sobra nele. Tacteio com a língua o doce sabor do querer, as formas elevadas ao limite da exaustão, os minutos contados ao ritmo do que consegue aguentar, os líquidos contidos até à capacidade máxima, os gemidos calados e travados na proporção da dor infligida ao corpo que se delicia em prazer. Engulo cada centímetro, repetitiva e paulatinamente, almejando ir cada vez mais longe, não deixando escapar qualquer pedaço do meu alimento. Lambo, degustando, incitando, saboreando. Perco-me, no movimento ritmado, desenhado pela língua, no beijo moldado pelos lábios que espelham o rosto do prazer.